(Continuação Texto 5/5)
No restaurante Catespero, perto do Hotel Luso, comi, finalmente, uma refeição, um bife, um grande bife com batatas fritas, três ovos estrelados e uma garrafa de vinho verde Gatão. Aí, conheci o Sr. Joaquim, um velhote, marcado pelas febres, respeitado e saudado por toda a gente, com setenta e sete anos de idade e 50 anos de colono.
Contava:
- Era tão fácil andar pelo mato noutros tempos, o comércio era abundante e havia confiança, bastava a palavra.
- Andávamos à vontade nos extremos da fronteira Leste, durante meses, com longos comboios de carregadores.
- Firmavam-se tratados de amizade com os sobas, deixando como permuta a bandeira das quinas.
E… fazia versos, enquanto bebia muita cerveja:
O foder, é para o homem,
Direito e obrigação.
Pois são todos os que fodem,
Como os que fodidos são.
Tu… meu rapaz,
Estás perdido
Sem paz
Estás fodido.
Espingardas, outras tralhas, munições e a partida para a primeira noite num “quartel” no mato, mas uma voz mais alta em brado de aviso irónico faz coro com o ronco do motor da Berliet:
Cuidado com os leões! Não os matem todos…
Só no dia seguinte, já em Sacassange, reparei na monotonia da paisagem, que entristecia.
(A seguir - Luena perdeu-se de amores por um Quioco)
Carlos Alberto Santos